a couple of pigs are laying in a pen

Principais Parâmetros Produtivos na Suinocultura

A produção suinícola moderna baseia-se na medição contínua de indicadores-chave para identificar problemas e otimizar a rentabilidade. A informatização das granjas permite conhecer diariamente o estado da exploração e analisar exaustivamente os "gargalos" que afetam a produtividade.

PRODUÇÃO ANIMAL

7/2/20259 min ler

Introdução

A produção suinícola moderna baseia-se na medição contínua de indicadores-chave para identificar problemas e otimizar a rentabilidade. A informatização das granjas permite conhecer diariamente o estado da exploração e analisar exaustivamente os "gargalos" que afetam a produtividade (1). Medir e controlar parâmetros reprodutivos, de crescimento e eficiência (entre outros) é essencial para tomar decisões oportunas e melhorar o rendimento global.

Indicadores Chave na Produção Suinícola

A seguir, são descritos os principais parâmetros produtivos em uma granja suinícola intensiva:

  • Prolificidade (número de leitões por leitegada): É a média de leitões nascidos totais (vivos + mortos + mumificados) por parto (2). Em porcas modernas (linhas híbridas hiperprolíficas), obtêm-se cerca de 14–18 leitões totais por leitegada (3). Em média, as primíparas desmamam 12–15 leitões vivos e as multíparas 14–18 (4). (Em contraste, raças tradicionais como o porco ibérico giram em torno de apenas 5–7 leitões vivos por parto) (2). A prolificidade reflete a fecundidade da porca e a sobrevivência fetal e neonatal, e é calculada como: Prolificidade = Nº de leitões nascidos totais / Nº de porcas paridas.

  • Taxa de partos (farrowing rate): É a porcentagem de porcas que chegam a parir em relação às coberturas realizadas (5). Equivale à proporção de fêmeas gestantes que efetivamente têm parto. Em granjas tecnificadas, a taxa de partos costuma estar próxima de 85–90%, ou seja, cerca de 3–4 pontos percentuais abaixo da taxa de gestação (6). Por exemplo, com 90% de fertilidade (“ficam gestantes”), a taxa de partos seria de 86–87% (6, 7). Este indicador avalia o sucesso reprodutivo: uma taxa baixa sugere problemas de fertilidade, sanidade ou manejo durante a gestação.

  • Intervalo desmame-cio (IDC): É o número de dias que transcorrem entre o desmame de uma porca e seu próximo cio ou cobertura (8). Idealmente, após desmamar uma leitegada (21–28 dias de lactação), a porca deveria entrar em cio em aproximadamente 4–7 dias. Um IDC curto (5-7 dias) maximiza o número de partos por porca por ano. Valores prolongados (por exemplo, >10–12 dias) indicam “porcas anoéstricas” que não entram em cio rapidamente, o que alonga os períodos improdutivos. Um manejador eficiente busca IDC menores que uma semana (8).

  • Ganho médio diário de peso (GMD): É a quantidade de peso que o leitão ou porco ganha por dia (kg/dia) durante uma fase produtiva (9). É calculado dividindo o ganho total de peso pelos dias transcorridos. Por exemplo, um leitão que cresce de 6 kg para 30 kg em 49 dias tem um GMD de 24/49 ≈0.49 kg/dia (9). Em um sistema tecnificado, espera-se que os leitões desmamados alcancem ganhos de peso de 0.5–0.7 kg/dia na fase de creche, e os suínos de engorda superem 0.8 kg/dia (até 0.9–1,0 kg/d em genéticas de elite). Valores menores refletem problemas de alimentação, saúde ou manejo (estresse, hierarquia do grupo, qualidade do alimento, etc.).

  • Conversão alimentar (CA): Índice que relaciona o alimento consumido com o ganho de peso do porco (10). Em outras palavras, indica quantos quilos de ração são necessários para produzir 1 kg de peso vivo. Por exemplo, uma CA de 2,2 significa que, para cada 2,2 kg de alimento consumido, o animal ganha 1 kg de peso. Dado que o alimento é o insumo de maior custo, a CA é um indicador chave de eficiência econômica. Graças a melhorias genéticas, nutricionais e de instalações, as granjas intensivas modernas alcançam CA próximas a 2,1–2,3 (11). (Na década de 1990, valores ~3,1 eram aceitáveis (11); hoje em dia, 2,2–2,3 é o padrão no acabamento, e <2,2 é excelente).

  • Mortalidade pré e pós-desmame: Representam as porcentagens de leitões mortos antes e depois do desmame, respectivamente. A mortalidade pré-desmame (desmame de 21–28 d, inclui mortes neonatais) geralmente varia entre 10% e 20% em porcos hiperprolíficos (12). Muitos leitões vulneráveis morrem nas primeiras 72 h após o parto (12). O objetivo é minimizá-la (<15%) através de manejo cuidadoso de nascimentos, calor e colostro. A mortalidade pós-desmame (nos 2–3 primeiros meses de engorda) idealmente deve ser muito baixa (<2%). Em explorações eficientes, um intervalo de ~1–2% é considerado normal; valores >2% indicam problemas de sanidade ou manejo (higiene, alimentação, estresse) que requerem investigação (13).

  • Idade e peso ao abate: Na suinocultura intensiva de porcos brancos comerciais, os animais atingem o peso de abate (~110–120 kg vivos) por volta dos 5–6 meses de idade. Por exemplo, nos Estados Unidos, o peso médio ao matadouro aumentou de 116 para 129 kg em 20 anos, sem modificar as instalações de engorda (14). Em climas temperados (Europa), os porcos costumam ser abatidos entre 22–26 semanas (~5–6 meses) com 100–120 kg para obter carcaças de 80–90 kg. (Em sistemas de porco ibérico, devido à sua criação em liberdade, a idade de abate é maior, mínimo de 10 meses conforme a regulamentação) (15).

  • Índice de reposição e longevidade de reprodutoras: O índice de reposição é a porcentagem de porcas reprodutoras que são renovadas a cada ano. Em granjas bem manejadas, geralmente se mantém entre 30% e 50% anualmente, sendo 40% uma cifra orientativa (16). Isso implica que, a cada ano, quase metade do plantel é substituída, dado que a longevidade produtiva de uma porca se limita a alguns partos eficientes. De fato, recomenda-se que uma porca produza pelo menos 3–4 leitegadas antes de seu descarte; a retirada de fêmeas antes do quarto parto compromete a eficiência reprodutiva (17). Consequentemente, maximizar a longevidade (partos por porca) e ajustar o índice de reposição são estratégias-chave para a rentabilidade e sustentabilidade, equilibrando a seleção genética e o ciclo produtivo das porcas.

Fatores que Influenciam Esses Parâmetros

Os parâmetros produtivos dependem de múltiplos fatores inter-relacionados. Entre eles, destacam-se:

  • Genética: Determina o potencial produtivo dos animais e das reprodutoras. As linhagens hiperprolíficas foram selecionadas para alta prolificidade (mais leitões) e crescimento rápido, mas geralmente exigem cuidados especiais (por exemplo, mais natimortos, leitões com baixo peso). Raças maternas mais tradicionais (ibérico, colorados) apresentam menor prolificidade, mas às vezes melhor rusticidade (2). A genética também define o crescimento (GMD) e a conversão alimentar média. Por isso, a escolha de raças ou híbridos (aptidão materna vs. suínos de engorda) é um fator crítico.

  • Nutrição e alimentação: Um plano alimentar balanceado, adaptado a cada fase produtiva, é vital. A qualidade e quantidade da ração influenciam diretamente o GMD e a CA. Por exemplo, problemas na dieta (nutrientes insuficientes ou dietas desequilibradas) reduzem o GMD e pioram a CA. A nutrição da porca gestante também afeta a prolificidade e o peso dos leitões ao nascer, impactando a mortalidade neonatal (17).

  • Manejo e instalações: Inclui o sistema de alojamento (densidade, ventilação, tipo de comedouros), protocolos reprodutivos (sincronização de cios, inseminação), manejo ao parto (conforto do leito de parto, assistência) e época de desmame (21-28 d recomendados) (18). O espaço por porco na engorda afeta sua ingestão de ração: estudos mostram que a partir de ~105 kg de peso vivo, são necessários pelo menos 0,76 m² por porco para manter o ganho de peso ideal (19). Instalações deficientes (estresse térmico, má higiene, aglomeração) aumentam a mortalidade e reduzem a produtividade.

  • Sanidade: O estado sanitário influencia fortemente todos os indicadores. Doenças reprodutivas (PRRSv, parvovírus, etc.) reduzem a taxa de partos e aumentam as perdas gestacionais. Patologias em leitões (diarreias, pneumonias) elevam a mortalidade pré e pós-desmame. O controle sanitário (vacinação, biosseguridade) é crucial para minimizar impactos negativos e assegurar os resultados reprodutivos e de crescimento esperados.

  • Ambiente (clima e conforto): As condições ambientais afetam o desempenho. Por exemplo, em climas quentes (como a Espanha no verão), é conveniente reduzir a densidade de animais na engorda para evitar estresse por calor; os porcos expandem mais a superfície corporal ao deitar para dissipar o calor e requerem mais espaço (20). Temperaturas extremas, alta umidade ou má ventilação podem diminuir o apetite e o GMD. Ajustar a climatização (ventilação, aquecimento) e a biosseguridade influencia a mortalidade e a conversão.

Em resumo, genética, nutrição, manejo técnico, sanidade e ambiente se combinam para determinar os parâmetros produtivos (21, 22). Por exemplo, Edi Castellanos aponta que a conversão alimentar depende do estado de saúde, tipo de comedouro, manejo técnico, instalações, genética, meio ambiente e capacitação do pessoal (21). Uma alteração em qualquer desses aspectos pode se refletir em uma queda do GMD, aumento da mortalidade ou deterioração da fertilidade.

Valores de Referência Recomendados em Sistemas Tecnicados

A seguir, são apresentados valores orientativos (faixas-alvo) para um sistema suinícola tecnificado de ciclo completo, com alta intensidade e genéticas avançadas:

  • Prolificidade (totais): 14–18 leitões por leitegada (3).

  • Taxa de partos (farrowing): ~85–90% (3–4 pontos percentuais a menos que a fertilidade de 87–95%) (6).

  • Intervalo desmame-cio (IDC): ~4–7 dias.

  • Ganho diário (GMD) – engorda: 0,8–0,9 kg/dia.

  • Conversão alimentar (CA): 2,1–2,3 kg alimento/kg peso ganho (11).

  • Mortalidade pré-desmame: <15% (idealmente 10–15%) (12).

  • Mortalidade pós-desmame: <2% (13).

  • Idade ao abate: ~5–6 meses (150–180 dias) a 100–120 kg vivo (14).

  • Reposição (% anual de porcas): ~30–50% (≈40% normal.) (16).

  • Longevidade de reprodutoras: ≥3–4 partos por porca (antes do 4º parto) (17)

Esses valores são gerais: cada granja deve adaptá-los ao seu modelo produtivo (raça, mercado, tipo de alimentação). Por exemplo, em porcos ibéricos, o peso/mortalidade-alvo difere dos porcos brancos intensivos. No entanto, manter os parâmetros dentro desses intervalos garante um nível de eficiência amplamente aceito e permite comparar o desempenho com os padrões da indústria.

Conclusões e Recomendações

O monitoramento constante dos indicadores produtivos é essencial para melhorar a eficiência de uma granja suinícola. Recomenda-se:

  • Registrar e analisar regularmente todos os parâmetros-chave. Investir em sistemas de gestão de dados (software de granja, planilhas eletrônicas) e capacitação do pessoal garante informação confiável (21, 23). Por exemplo, a conversão alimentar deve ser medida continuamente, já que é um dos índices mais influentes na rentabilidade (23).

  • Comparar resultados com as médias da indústria. Uma vez obtidos os dados, comparar com benchmarks setoriais ajuda a detectar desvios. Segundo Edi Castellanos, “o próximo passo é comparar com a média da indústria e ver quando está desviado” (24). Isso permite identificar problemas incipientes antes que afetem gravemente a produção.

  • Ajustar o manejo de acordo com os resultados. Se um parâmetro estiver fora do intervalo (por exemplo, baixa taxa de partos, GMD lento, mortalidade alta), a causa deve ser investigada (alimentação, saúde, estresse) e ações corretivas devem ser adotadas. Por exemplo, se a mortalidade pós-desmame superar 2%, deve-se revisar a biosseguridade e o programa de vacinação (13). Se o GMD for baixo, verificar dieta, água e conforto térmico.

  • Melhorar fatores limitantes. Otimizar a genética (selecionar porcas com boa prolificidade e aptidão materna), a nutrição (ajustar rações de gestação, lactação e engorda) e as instalações (ventilação, espaço suficiente) influenciam todos os indicadores (20, 21). Manter a sanidade (vacinar, isolar novos animais) minimiza perdas reprodutivas e de engorda.

  • Promover a longevidade do plantel. Implementar um bom plano de reposição que reponha fêmeas jovens de qualidade sem superdimensionar o plantel. Busca-se que as reprodutoras atinjam várias parições (≥3–4) antes de serem descartadas (17), o que reduz custos de reposição. A seleção de primíparas com bom pedigree e cuidado na primeira lactação aumenta a longevidade média.

Em conclusão, o sucesso da suinocultura tecnificada reside no controle de seus parâmetros produtivos e na melhoria contínua baseada em dados. Manter objetivos claros, capacitar o pessoal e comparar indicadores com padrões permite detectar a tempo desvios e implementar soluções, garantindo assim uma produção suinícola rentável, sustentável e de alta qualidade (23, 24).

Fontes: Informação adaptada de publicações setoriais e técnicas (3tres3.com, Zoetis, MasPorcicultura, estudos científicos) sobre manejo suíno (2, 6, 11, 12, 16, 24), assim como dados de referência da indústria suinícola. Cada valor citado provém de fontes especializadas do setor.

(1, 3, 4, 6, 7, 8, 18) Parámetros productivos. ¿Qué debemos conocer antes de realizar una visita a una granja?

https://www.zonaporcino.es/posts/parametros-productivos-que-debemos-conocer-antes-realizar-visita-granja.aspx

(2) Prolificidad - Diccionario porcino - 3tres3, la página del Cerdo

https://www.3tres3.com/diccionario-porcino/P/prolificidad_252/

(5)Tasa de partos o Índice de partos - Diccionario porcino - 3tres3, la página del Cerdo

https://www.3tres3.com/diccionario-porcino/T/tasa-de-partos-o-indice-de-partos_287/

(9) Ganancia Media Diaria - Diccionario porcino - 3tres3, la página del Cerdo

https://www.3tres3.com/diccionario-porcino/G/ganancia-media-diaria_120/

(10, 11, 21, 23, 24) Conversión Alimenticia | MasPorcicultura

https://masporcicultura.com/conversion-alimenticia/

(12, 22) ¿Qué factores influyen en la mortalidad antes del destete?

https://ahvint.com/es/swine/que-factores-influyen-en-la-mortalidad-antes-del-destete/

(13) Factores a analizar cuando la mortalidad post-destete es superior al 1 - Artículos - 3tres3 LATAM, la página del Cerdo

https://www.3tres3.com/latam/articulos/factores-a-analizar-cuando-la-mortalidad-post-destete-es-superior-al-1_9143/

(14, 19, 20) Superficie disponible por cerdo y rendimientos productivos - Artículos - 3tres3 LATAM, la página del Cerdo

https://www.3tres3.com/latam/articulos/superficie-disponible-por-cerdo-y-rendimientos-productivos_12201/

(15) [PDF] Norma de calidad para los productos de cerdo Ibérico

https://www.mapa.gob.es/ministerio/pags/Biblioteca/Revistas/pdf_Ganad%2FGanad_2005_36_34_38.pdf

(16, 17) Factores críticos en la crianza de cerdas de reemplazo

https://www.procampo.com.ec/index.php/blog/10-nutricion/44-factores-criticos-en-la-crianza-de-cerdas-de-reemplazo