Golpe de Calor em Cães e Gatos: Riscos e Primeiros Socorros
O golpe de calor é uma emergência veterinária que ocorre quando o animal de estimação eleva perigosamente sua temperatura corporal, seja por calor ambiental extremo, esforço físico intenso, ou ambos.
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
9/29/20257 min ler
O golpe de calor é uma emergência veterinária que ocorre quando o animal de estimação eleva perigosamente sua temperatura corporal, seja por calor ambiental extremo, esforço físico intenso, ou ambos. Em cães e gatos, a temperatura normal é de cerca de 38–39 °C; se ultrapassar 41–42 °C, o organismo entra em hipertermia extrema, com risco de falência de múltiplos órgãos e morte em minutos (1, 2). Diferentemente dos humanos, cães e gatos não conseguem suar por toda a pele; eles dependem da respiração ofegante (ofegação) e do contato com superfícies frias para dissipar o calor (1, 3). Quando esses mecanismos falham, ocorre um grave desequilíbrio metabólico que pode causar dano cerebral, insuficiência renal, colapso circulatório e coagulopatias (1, 4). Por isso, é crucial reconhecer os sintomas e agir rapidamente.
O Que É o Golpe de Calor e Como Ocorre?
O golpe de calor é basicamente uma subida anormal da temperatura interna do animal. Acontece quando o corpo gera ou recebe mais calor do que consegue eliminar. Isso pode ocorrer devido ao calor ambiental extremo e alta umidade (quando o ar não permite a evaporação do calor) ou por exercício excessivo em um dia quente (1, 5). Por exemplo, um cão correndo sem parar em um parque ensolarado ou um gato trancado em um carro sob o sol pode acumular calor muito rapidamente. Devido ao calor extremo, os processos celulares são alterados, os órgãos inflamam-se e o animal sofre uma espécie de "autodestruição" interna, podendo levar rapidamente à falência do coração, pulmões, rins e cérebro (1, 2). Na prática veterinária, o golpe de calor é considerado quando a temperatura ultrapassa 40–42 °C (2, 6).
Fatores de Risco
Certos fatores aumentam a probabilidade de golpe de calor em cães e gatos. O fator principal é o calor ambiental intenso, especialmente se acompanhado de alta umidade e falta de ventilação, o que impede o ar de absorver o calor do corpo do animal (5, 7). Espaços fechados, sem sombra ou circulação de ar (ex.: um carro ou cômodo sem ar-condicionado), elevam gravemente o risco; de fato, o interior de um veículo pode atingir 50 °C em poucos minutos sob o sol (7, 8). O exercício físico prolongado ou vigoroso nessas condições (correr, brincar sem pausa) pode precipitar a hipertermia até mesmo em cães saudáveis (9, 10).
Além disso, existem fatores intrínsecos que predispõem:
Raças braquicefálicas (de focinho achatado) como pugs, buldogues ou gatos persas, que têm vias respiratórias estreitas que dificultam a respiração ofegante (11, 12).
Sobrepeso e depósitos de gordura corporal, que isolam o calor e dificultam o resfriamento (10, 12).
Animais muito jovens ou idosos que não têm mecanismos eficazes de regulação térmica.
Doenças respiratórias, cardíacas ou neurológicas prévias, que aumentam a vulnerabilidade ao calor (12, 13).
Em resumo, um cão idoso, com sobrepeso e focinho muito curto, trotando sob o sol do meio-dia, reúne vários desses riscos simultaneamente.
Sinais Clínicos Precoces e Avançados
Os sinais iniciais costumam ser físicos e comportamentais. Um dos primeiros sintomas é a respiração ofegante excessiva (ofegação com respiração aberta), juntamente com salivação abundante e gengivas muito vermelhas (14, 15). O cão ou gato pode mostrar-se inquieto, agitado ou confuso. Uma respiração ofegante persistente e intensa indica que o animal está lutando para dissipar o calor (14, 15). A taquicardia (batimentos acelerados) e o rubor das mucosas (gengivas e língua muito vermelhas) também são comuns. Ao tocá-lo, a pelagem costuma estar muito quente e seca.
Se o quadro progredir sem controle, surgem sintomas mais graves: o animal perde força e coordenação. Pode mostrar-se letárgico, trêmulo e apresentar perda de equilíbrio ou ataxia (16, 17). Vômitos e diarreias (às vezes com sangue) são frequentes devido ao estresse térmico no corpo. Em estágios críticos, pode ocorrer colapso circulatório, com debilidade extrema e queda súbita. Também podem surgir sinais neurológicos preocupantes: convulsões, desorientação ou coma. Estes últimos refletem lesão cerebral e estão associados a um alto risco de morte (14, 18).
É importante mencionar que alguns sintomas podem variar entre cães e gatos. Por exemplo, pets desorientados podem cambalear ou ter convulsões à medida que o golpe de calor piora (14, 19). Diante de qualquer um desses sinais, é preciso agir imediatamente.
Diferenças entre Cães e Gatos
Embora ambos possam sofrer hipertermia, ela se manifesta de forma distinta. Os cães geralmente ofegam vigorosamente e manifestam seu mal-estar com agitação ou persistência da atividade (podem continuar correndo até entrar em colapso) (20, 21).
Por outro lado, os gatos ofegam muito menos e frequentemente respondem ao calor procurando um lugar fresco e tranquilo; podem começar a lamber-se compulsivamente para se resfriar, já que sua principal forma de dissipar calor é a ofegação leve e a higiene (22). Essa diferença torna o golpe de calor felino às vezes "silencioso": um gato superaquecido costuma ficar quieto, se esconder ou deitar subitamente.
A cor das mucosas também varia: em cães, o golpe de calor provoca gengivas pálidas que depois podem ficar avermelhadas ao melhorar, enquanto em gatos podem ser observados tons anormalmente escuros ou vermelho intenso (23). Outro ponto: certas raças de gato (de face achatada como persas ou siameses) também são mais sensíveis ao calor devido à anatomia semelhante à dos cães braquicefálicos (24). Em resumo, donos de cães notarão antes a aceleração respiratória e a incapacidade de parar de se mover; já com os gatos, é preciso ficar atento a mudanças sutis em sua atitude (letargia incomum, salivação excessiva ou vômitos), dado que eles não ofegam tanto nem apresentam sintomas tão evidentes.
O Que Fazer Imediatamente (Primeiros Socorros)
Diante da suspeita de golpe de calor, o primeiro passo é resfriar o animal gradualmente enquanto se busca atendimento veterinário urgente (25, 26).
Leve o pet para um local fresco e sombreado (seja ao ar livre, sombra, ou dentro de casa com ar-condicionado ou janelas abertas) (25, 26).
Ofereça água fresca para beber em pequenas quantidades, mas sem forçá-lo a engolir rapidamente (para evitar aspirações) (26).
Umedeça seu corpo: aplique panos úmidos com água fresca ou morna sobre a cabeça, pescoço, peito, axilas e abdômen, áreas onde a pele está mais exposta (25, 27).
Você pode borrifar água fresca (nunca gelada) e usar um ventilador ou leque para favorecer a evaporação (25, 27).
Uma estratégia útil é molhar as patas, as orelhas e as virilhas (25, 28).
O resfriamento deve ser progressivo. Evite mudanças bruscas de temperatura: recomenda-se água morna ou fresca, mas não gelada, para evitar um choque térmico inverso (hipotermia repentina) (27). Conforme a temperatura do animal baixar, continue com o ventilador ou leque e não o cubra com nenhuma manta. Embora comece estas medidas, o mais importante é levá-lo ao veterinário o mais rápido possível para completar o tratamento (29, 30).
O Que NÃO Fazer
É tão importante saber o que fazer quanto saber o que evitar. Em hipótese alguma se deve:
Aplicar água gelada ou envolver o animal em gelo. Mudanças muito bruscas podem provocar uma reação de hipotermia ou parada cardíaca (27, 31).
Submergir o cão ou gato em água fria ou usar cubos de gelo diretamente sobre sua pele (31).
Cobri-lo com mantas ou roupas, pois reteriam o calor em vez de dissipá-lo.
Colocar o animal diretamente na frente de um ventilador sem água, pois isso pode ressecar suas vias respiratórias e piorar a respiração ofegante (32).
Nunca force o animal a beber grandes quantidades de água de uma vez: dê-lhe pequenos goles (26). Se o animal estiver inconsciente ou convulsionando, não tente dar-lhe nada pela boca.
A prioridade em todos os momentos é estabilizá-lo com resfriamento gradual e obter ajuda profissional.
Prevenção
A prevenção é crucial para manter os pets seguros em climas quentes.
Em casa, assegure-se de que tenham sempre acesso a água fresca limpa e a zonas com sombra ou ar-condicionado durante o dia (33, 34).
Ao sair para passear, planeje sempre as saídas para horas amenas: no início da manhã ou no final da tarde, evitando as horas centrais (entre 11h e 16h) quando o sol está mais forte (34, 35).
O asfalto e o cimento podem atingir temperaturas muito altas e queimar as almofadas das patas; caminhe em terra ou grama e à sombra. Leve uma garrafa de água para oferecer bebidas periódicas.
Nunca deixe seu cão ou gato sozinho dentro de um carro estacionado, mesmo com as janelas abertas (8). Em poucos minutos, a temperatura interna do veículo eleva-se perigosamente.
Evite raspar excessivamente o pelo do animal durante o verão (36), pois o pelo também o protege do sol e atua como isolante. Um bom corte de manutenção (não a tosa total) pode ser suficiente para raças de pelo muito longo.
Cães braquicefálicos, filhotes, idosos e de pelo escuro requerem medidas extras de proteção (12, 37).
Resumindo, as chaves preventivas são: água constante, ventilação/ar-condicionado, evitar sol direto e exercício intenso em horas de calor.
Quando Procurar o Veterinário com Urgência
Após aplicar as primeiras medidas de resfriamento, deve-se sempre procurar atendimento veterinário urgente. Não basta que o pet volte aparentemente ao normal. Muitos órgãos internos podem continuar sofrendo danos ocultos. Um profissional deve avaliá-lo o mais rápido possível (29, 30).
Particularmente, é considerada urgência se o animal apresentar sintomas graves: colapso, convulsões, desmaios ou gengivas azuladas. Estes sinais indicam comprometimento circulatório ou neurológico sério e exigem tratamento imediato, muitas vezes com fluidos intravenosos e monitoramento na clínica (18, 19). Como regra geral, na presença de golpe de calor, não demore a visita: cada minuto conta.
Fontes: Informação obtida de especialistas veterinários e centros de referência sobre emergências veterinárias (1, 4, 5, 14, 26), que detalham os sintomas, fisiopatologia e medidas de prevenção e primeiros socorros em cães e gatos com hipertermia.
(1, 18) Urgencias Ambientales (I): Golpe de Calor – VetPraxis
https://vetpraxis.net/2014/12/12/urgencias-ambientales-i-golpe-de-calor/
(2, 3, 10, 19, 21, 22, 23, 26, 27, 28, 31) Golpe de calor en perros y gatos. Síntomas y primeros auxilios
https://eoc.cat/golpe-de-calor-perros-gatos/
(4, 12, 20, 25, 29, 32) Síntomas, consecuencias y tratamientos de los golpes de calor en perros y gatos • Veterinaria Dr. Brenes
(5, 6, 9, 11, 15, 16, 24, 33, 35, 36, 37) Golpe de calor en perros y gatos
https://hospitalveterinariopuchol.com/noticias/prevenir-golpe-calor-animal/
(7, 13, 34) Síntomas de golpe de calor en perros y cómo aliviarlos | AniCura España
(8, 14, 17, 30) Golpes de calor en mascotas: qué hacer y cómo evitarlos
https://www.kivet.com/blog/como-actuar-ante-golpes-de-calor-mascotas/
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