Erros que Afetam a Rentabilidade do Cultivo de Forragens
A rentabilidade em culturas de forragem é fundamental para a produtividade pecuária e a viabilidade econômica da fazenda. Um fornecimento constante de forragem de qualidade melhora a produção de carne e leite e reduz a necessidade de concentrados caros.
PRODUÇÃO ANIMALPLANTAS E CULTURAS
9/10/202510 min ler
A rentabilidade em culturas de forragem é fundamental para a produtividade pecuária e a viabilidade econômica da fazenda. Um fornecimento constante de forragem de qualidade melhora a produção de carne e leite e reduz a necessidade de concentrados caros (1). No entanto, a relação insumo/produto nos forragens se deteriorou devido à queda dos preços dos produtos animais e ao aumento do custo de sementes e insumos (2). Nesse contexto, maximizar o rendimento (toneladas de matéria seca) e a qualidade nutricional da forragem é essencial: o rendimento é “um dos elementos-chave” que afeta diretamente o custo final de produção (2). Para produtores e técnicos, conhecer os erros comuns que reduzem a rentabilidade (baixos rendimentos, forragem de baixa qualidade, despesas imprevistas) permite identificar áreas de melhoria no manejo de culturas como alfafa, milho forrageiro, azevém, sorgo e outras gramíneas.
Erros Técnicos Frequentes
Seleção de variedades inadequadas. Escolher sementes não adaptadas ao clima ou ao propósito reduz o rendimento e a qualidade. Por exemplo, no milho para silagem, é fundamental escolher híbridos de alto potencial tanto em rendimento de matéria seca quanto em grão, além de serem bem adaptados ao ciclo local (resistência a doenças, tolerância à seca) (3, 4). Na alfafa, devem ser selecionadas “variedades de alto rendimento com resistência adequada ao inverno e a doenças para obter rentabilidade a longo prazo” (5). O uso de “semente caseira” de baixa qualidade resulta em forragens com menor valor nutritivo e germinação irregular, diminuindo a produção animal (6).
Má preparação e condições de semeadura. Um estabelecimento deficiente (semeaduras tardias, profundidade incorreta ou baixa densidade de sementes) compromete o desenvolvimento inicial. “Mistakes during establishment often have long-term consequences” (Erros durante o estabelecimento frequentemente têm consequências a longo prazo): sem uma boa preparação do solo e semente certificada de alta qualidade, é difícil obter uma lavoura vigorosa (6, 7).
Gestão inadequada da fertilidade e do solo. Não realizar análises de solo nem corrigir deficiências prejudica os rendimentos. Estudos indicam que a prática de testar o solo e, em seguida, calcariá-lo e fertilizá-lo de acordo com as recomendações, “afeta mais do que qualquer outra coisa a eficiência econômica da produção de forragem” (8). Manter um pH ótimo (~6.5-7.0) e níveis adequados de fósforo, potássio e enxofre é crítico para um crescimento vigoroso de culturas como a alfafa (5, 9).
Erros na irrigação. Tanto o déficit quanto o excesso hídrico reduzem a rentabilidade. Não aplicar irrigação em épocas críticas pode prejudicar o rendimento de culturas como milho ou sorgo, enquanto uma irrigação mal programada (por exemplo, em horas frias) favorece doenças. Embora não haja uma fonte específica citada, é bem conhecido que a eficiência do uso da água é essencial em forragens (14) e que tecnologias de irrigação ajustada aumentam a produtividade.
Manejo deficiente de fertilização. A subfertilização limita o crescimento e a qualidade da forragem. Por exemplo, não aplicar nitrogênio em pastagens ou leguminosas pode esgotar o nitrogênio residual em rotações, como o milho posterior, reduzindo rendimentos futuros. Em geral, aplicar apenas fertilizantes baratos ou negligenciar a reposição de nutrientes deteriora os solos e o rendimento a médio prazo.
Não introduzir leguminosas quando conveniente. Ignorar o potencial de fixação biológica de nitrogênio das leguminosas (alfafa, trevos, etc.) é um erro comum. As leguminosas melhoram a qualidade proteica da forragem e aumentam os rendimentos sem custos extras de fertilizantes nitrogenados (10). Por isso, é recomendável incluir misturas de gramíneas e leguminosas ou rotacioná-las com leguminosas para benefício nutricional e econômico.
Problemas na Gestão Agronômica
Rotação de culturas inadequada. A falta de rotação ou rotacionar sempre com a mesma espécie piora os problemas de pragas e autotoxicidade. Um exemplo claro é a alfafa: não é aconselhável semear alfafa sobre alfafa recém-colhida devido a substâncias alelopáticas que limitam a germinação e a absorção de nutrientes (11). Estudos demonstram que rotações curtas de alfafa (2-3 anos antes de outra cultura) aumentam significativamente a rentabilidade por hectare, ao manter altos rendimentos e qualidade da pastagem, reduzir o uso de pesticidas e aproveitar créditos de nitrogênio residual para a cultura seguinte (por exemplo, milho) (12, 13). Em contrapartida, prolongar uma mesma cultura leva à queda de rendimento (17-34% menos no 3º-4º ano) devido a doenças e estresse (14).
Planejamento de colheitas deficiente. Adiar a colheita para ganhar volume pode degradar a qualidade da forragem. Forragens muito maduras acumulam fibra e lignina excessivas, o que reduz a digestibilidade e limita os nutrientes disponíveis para os animais. Estudos em bovinos leiteiros mostram que cortar “muito tarde” diminui o rendimento de leite: cada 1% adicional de digestibilidade da forragem aumenta a produção em 0.3–0.5 kg/vaca/dia (15). Nas palavras de especialistas: “Quando as forragens são colhidas muito tarde, tendem a conter um excesso de fibra e lignina, o que reduz a digestibilidade e limita a disponibilidade de nutrientes, diminuindo a produção de leite e a eficiência alimentar” (16). Planejar os cortes de acordo com o ponto ótimo de maturidade (frequentemente no início da floração para gramíneas e alfafa) evita essa perda de qualidade.
Controle insuficiente de plantas daninhas e pragas. Doenças, insetos e ervas daninhas “são ladrões que reduzem os rendimentos; diminuem a qualidade da forragem e a persistência da lavoura, e roubam água e nutrientes da cultura” (17). Não implementar monitoramento e medidas integradas (por exemplo, culturas-armadilha, barreiras, aplicações preventivas) resulta em altas perdas de produção. Por exemplo, no milho forrageiro, a ferrugem e a mancha podem reduzir o rendimento em até 40% se não forem selecionados híbridos resistentes (4). Além disso, uma semente de má qualidade costuma ter maior incidência de plantas daninhas ou doenças, aumentando os custos de controle e diminuindo a oferta de forragem de primeira qualidade (6, 18).
Falhas Econômicas e Logísticas
Má planejamento financeiro. É comum que os produtores operem sem um orçamento claro, tomando decisões improvisadas que geram desequilíbrios financeiros. Segundo especialistas em agronegócios, “um dos erros mais frequentes é operar sem um orçamento claro” (19). Sem um plano de receitas e custos projetados, é difícil medir a rentabilidade real de cada cultura forrageira, controlar despesas e estar preparados para imprevistos (por exemplo, secas ou volatilidade de preços).
Falta de controle de custos e diversificação. Muitos agronegócios concentram recursos em uma única cultura ou projeto, ignorando alternativas mais rentáveis. Esse “erro de oportunidade” limita o crescimento e deixa o produtor vulnerável a quedas de preço ou demanda em um mercado específico (20). Em forragens, isso poderia se traduzir em depender de um único comprador ou centro de reservas, quando diversificar mercados (venda direta, cooperativas, fazendas orgânicas, pecuaristas próximos) pode mitigar riscos.
Subestimação de custos ocultos. Além dos custos diretos (semente, fertilizantes, colheita), existem custos invisíveis ligados à cultura: baixo rendimento, perdas por tombamento ou deterioração no armazenamento, qualidade deficiente que exige mais concentrados, etc. Nos forragens, “os custos ocultos, determinados pelo rendimento, as perdas, a qualidade e o grau de utilização do alimento… geralmente não são quantificados, mas afetam notavelmente o custo final” (21). Ignorar esses fatores leva a superestimar a rentabilidade aparente.
Logística e acesso a mercados deficientes. Embora não haja citações específicas nos documentos revisados, é comum que produtores de forragem enfrentem problemas de transporte (custo de levar feno/silagem a longas distâncias) e mercados instáveis. Não planejar a cadeia de vendas (armazenamento, venda sazonal com preços, contratos) pode corroer os lucros esperados, especialmente em contextos onde o preço da forragem varia de acordo com a oferta sazonal.
Consequências sobre Produtividade, Qualidade e Sustentabilidade
Os erros anteriores se traduzem diretamente em menor produtividade animal e sustentabilidade do sistema. Forragens de baixa qualidade reduzem o ganho diário de peso ou os litros de leite: estima-se que forragens de alta qualidade podem elevar a produção de leite em 10–25% em comparação com forragens convencionais (15). Por outro lado, uma forragem colhida tardiamente ou mal fertilizada limita a eficiência alimentar. Se o gado consome uma forragem menos digerível, sua produção cai e são necessários mais concentrados, aumentando os custos totais (16, 22).
Os solos também sofrem com as más práticas: o superpastejo e a ausência de rotação degradam a vegetação e a matéria orgânica. Um estudo da FAO no Peru aponta que “a pouca disponibilidade do recurso forrageiro se deve às más práticas de manejo (superpastejo)” (23), o que causa baixa produtividade do gado. A longo prazo, essas práticas levam à erosão e desertificação: “solos que antes eram de boa qualidade se tornam solos pobres… terminando em processos de desertificação” (24). Isso torna a produção futura inviável, forçando a expansão para mais áreas e piorando a sustentabilidade ambiental.
Em resumo, o acúmulo de perdas de rendimento por falhas técnicas, juntamente com maiores custos implícitos e danos ao solo, pode tornar o cultivo de forragens pouco rentável ou insustentável. Cada 10% de redução no rendimento de matéria seca pode se traduzir em uma perda similar na receita bruta, sem esquecer os efeitos secundários (por exemplo, inflação dos custos de alimentação animal devido à forragem pobre).
Recomendações para Melhorar a Rentabilidade
Escolher variedades adaptadas. Use sementes certificadas de alto rendimento e adaptadas ao clima local. Por exemplo, apostar em híbridos de milho para silagem com tolerância a secas e doenças (Exserohilum, ferrugem) garante colheitas bem-sucedidas em climas adversos (4). Na alfafa, selecione cultivares com boa persistência e resistência invernal (5). Evite sementes “caseiras” de qualidade duvidosa, pois uma maior digestibilidade da forragem (+1%) pode fornecer 0.3–0.5 kg de leite/vaca·dia (15).
Preparação e estabelecimento ótimos. Realize análises de solo antes de semear. Ajuste o pH com calagem anual para leguminosas e assegure níveis de P e K adequados (9). Plante com máquinas calibradas, na data recomendada para cada espécie e com a profundidade/densidade adequada. Isso previne perdas iniciais de plantas e garante uma emergência homogênea, condições que favorecem altos rendimentos no primeiro ano (crítico para amortizar custos de implantação) (7, 25).
Manejo de fertilização e irrigação. Aplique fertilizantes de maneira equilibrada de acordo com os requisitos da cultura. Não subestime a importância do nitrogênio em gramíneas nem do fósforo/potássio em leguminosas. Se possível, introduza emendas orgânicas para melhorar a saúde do solo. Em regiões com déficit hídrico, implemente sistemas de irrigação eficientes (gotejamento ou aspersão) e programe-os em momentos de alta demanda. Em um estudo de intensificação agrícola, a irrigação aumentou os rendimentos de milho forrageiro em 140% (26). Embora esse dado não esteja em um documento aberto, ele ilustra o potencial: a falta de água adequada é um dos erros mais caros. Da mesma forma, evite encharcar os solos, pois o excesso hídrico favorece doenças de raízes e plantas daninhas aquáticas.
Controle de pragas e plantas daninhas (Manejo Integrado). Realize monitoramentos periódicos (scouting). Use rotações e culturas de cobertura para interromper ciclos de pragas. Aplique herbicidas preventivamente ou faça o controle manual apenas quando necessário, para não gerar resistência. A escolha de variedades resistentes faz parte da estratégia preventiva (4). Em caso de praga ativa, aplique tratamentos direcionados com equipamentos calibrados, evitando sobredoses que danificam culturas secundárias ou prejudicam o meio ambiente. O controle oportuno maximiza a área útil: lembre-se de que cada planta daninha ou doença não controlada “rouba” nutrientes e reduz a produtividade (17).
Rotação e sequência de culturas. Alterne forragens entre si e com outras culturas (cereais, oleaginosas, etc.). Por exemplo, rotacionar alfafa com milho ou sorgo forrageiro aproveita os créditos de nitrogênio e melhora os rendimentos de grão subsequentes (13). Não prolongue culturas perenes além de seu ponto ótimo: segundo estudos, a alfafa perde rendimento significativo a partir do terceiro ano de plantio (14). Empregar forragens de cobertura e pastagens temporárias em épocas de transição também protege o solo e otimiza o uso da terra.
Manejo de pastejo e carga animal. Em sistemas pastoris, ajuste a carga animal à produção de forragem. Evite o superpastejo rotacionando os piquetes e descansando as áreas para que se recuperem. Isso mantém o vigor das espécies desejáveis e prolonga a vida útil da pastagem. A carga adequada maximiza a eficiência: vacas em pastejo agressivo produzem menos leite e podem sobrecarregar um lote de nutrientes, causando desperdício em outros. Considere cercas móveis ou rotações intensivas para sincronizar a oferta de forragem e a demanda animal.
Planejamento e controle financeiro. Elabore orçamentos anuais incluindo todos os custos (semeadura, insumos, mecanização, pessoal, juros) e projete receitas de forma conservadora. Mantenha registros atualizados de cada parcela: isso permite analisar a rentabilidade por cultura de forragem. Recomenda-se revisar o orçamento regularmente para reajustar diante de mudanças de preços ou rendimentos (19). Evite o endividamento excessivo sem um fluxo de caixa realista. Considere diversificar as receitas (por exemplo, venda de fardos de feno, sementes de pasto, serviços de ensilagem) para melhorar a liquidez e aproveitar melhor as instalações.
Diversificação de mercados e seguros. Busque diferentes canais de venda: cooperativas, fazendas orgânicas, mercados locais, e até biorrefinarias que aceitem biomassa. Diversificar produtos (feno, pellets, grão, silagem) também pode abrir novos compradores. Além disso, analise a possibilidade de seguros agrícolas que cubram eventos climáticos ou de preço da forragem, reduzindo o impacto de secas ou quedas de mercado.
Melhoria contínua e formação técnica. Mantenha-se atualizado com tecnologias e práticas. Por exemplo, o sensoriamento remoto e sensores de solo ajudam a otimizar a irrigação e a fertilização. Participe de cursos ou feiras agropecuárias. Enfatize a capacitação do pessoal em boas práticas: a melhor tecnologia falha se não for aplicada corretamente.
Garantir a qualidade da forragem. Da semente ao armazenamento final, aplique normas que protejam a qualidade. Use lonas para ensilagem ou coberturas plásticas adequadas, controle a umidade e evite contaminantes (terra, fezes). A forragem bem conservada evita perdas pós-colheita – estima-se que 30% do feno pode ser perdido em armazenamento externo se não for protegido (22, 27) –, o que afeta a eficiência alimentar.
Em conjunto, essas ações técnicas e gerenciais integradas visam aumentar os rendimentos de matéria seca por hectare, melhorar a qualidade nutritiva da forragem e reduzir custos ocultos. Ao implementar uma gestão agronômica racional e um manejo financeiro rigoroso, os produtores podem maximizar a rentabilidade e a sustentabilidade de seus sistemas de forragem.
Fontes: Foram consultados guias e estudos de extensão universitária e organismos agrícolas (UMN, UW, FAO, etc.) e publicações especializadas do setor pecuário/agrícola (3, 5, 8, 9, 12, 16, 19, 21, 23). Esses recursos globais validam os pontos críticos de manejo que afetam rendimentos, qualidade da forragem e custos em culturas de alfafa, milho forrageiro, azevém, sorgo e gramíneas associadas.
(1, 3, 4) ¿Cómo elegir el mejor maíz para ensilado y mejorar la rentabilidad de tu ganadería? - Campo Galego
(2, 21) produccion-animal.com.ar
(5, 9, 11, 25) Establecimiento de alfalfa: Estrategias de manejo | Extensión de la UMN
https://es.extension.umn.edu/planting-forages/alfalfa-establishment-management-strategies
(6, 15, 18) El forraje de calidad puede aumentar la producción láctea en un 20% - Campo Galego
https://www.campogalego.es/el-forraje-de-calidad-puede-aumentar-la-produccion-lactea-en-un-20/
(7, 8, 10, 17, 27) 10 Tips for Profitable Forage Production
https://www.drovers.com/news/10-tips-profitable-forage-production
(12, 13, 14) Value of Short Rotations for Alfalfa Profitability – Crops and Soils
(16, 22) La rentabilidad del sector lácteo: las claves del éxito | Dellait
https://dellait.com/es/la-rentabilidad-del-sector-lacteo-las-claves-del-exito-dellait/
(19, 20) Gestión financiera en agronegocios: errores comunes
https://isam.education/gestion-financiera-en-agronegocios-errores-comunes-y-como-evitarlos/
(23, 24) fao.org
https://www.fao.org/climatechange/25223-08c865ca4368286d31456d14c23cdf77f.pdf
(26) Economic and Productive Impact of the Implementation and Use of ...
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