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Como desenvolver um plano de marketing para produtos agropecuários.

Um plano de marketing é um documento estratégico que detalha as ações ou passos propostos para alcançar objetivos comerciais em um período determinado. Esse plano ajuda a focar os esforços em maximizar os lucros do negócio agropecuário, definindo claramente o produto ou serviço oferecido, os clientes e concorrentes, bem como as estratégias para atrair e reter clientes.

PLANTAS E CULTURASPRODUÇÃO ANIMAL

6/24/202510 min ler

Um plano de marketing é um documento estratégico que detalha as ações ou passos propostos para alcançar objetivos comerciais em um período determinado. Esse plano ajuda a focar os esforços em maximizar os lucros do negócio agropecuário, definindo claramente o produto ou serviço oferecido, os clientes e concorrentes, bem como as estratégias para atrair e reter clientes (1). No âmbito agropecuário, o propósito do plano é compreender o mercado local – suas oportunidades e limitações – e coordenar atividades práticas (produção, embalagem, distribuição e promoção) para conectar a oferta dos produtores às necessidades dos consumidores. Um bom plano permite antecipar mudanças no mercado e aproveitar nichos locais (por exemplo, tendências de consumo saudável, demanda por produtos frescos ou orgânicos), ao mesmo tempo em que alinha as metas comerciais com a realidade da fazenda ou empreendimento.

Análise da Situação

Antes de definir estratégias, é necessário realizar um diagnóstico completo do ambiente e do negócio. Isso inclui analisar:

  • Produto: Descrever as características e a qualidade das culturas ou produtos pecuários. Identificar atributos diferenciadores (por exemplo, variedade, sabor, cultivos orgânicos, frescos, processamento artesanal). Avaliar o estado da produção (volume, sazonalidade, capacidade) e como o produto satisfaz as necessidades do consumidor.

  • Ambiente externo: Examinar fatores econômicos, climáticos e sociais que afetam o negócio: preços de insumos, regulamentações locais, condições agroclimáticas, tendências alimentares (por exemplo, preferência pelo saudável ou local), disponibilidade de infraestrutura. Esses fatores são geralmente incontroláveis, mas oferecem oportunidades (por exemplo, subsídios agrícolas) ou ameaças (por exemplo, secas).

  • Concorrência: Identificar outros produtores ou distribuidores com ofertas semelhantes. Analisar seus pontos fortes e fracos: o que seus concorrentes diretos oferecem (qualidade, apresentação, preço)? Como os clientes percebem esses produtos? Compreender a concorrência ajuda a encontrar lacunas de mercado (ameaças e oportunidades) e a definir vantagens competitivas. Um plano de marketing bem elaborado “ajuda a definir claramente o produto oferecido, a identificar os clientes e concorrentes, [e] a delinear uma estratégia para atrair novos clientes e reter os existentes” (1).

  • Consumidor local: Perfil do cliente final ou intermediário no mercado local: dados demográficos (idade, nível socioeconômico, ocupação), hábitos de compra, preferências (preço, qualidade, origem do produto). Por exemplo, em uma área urbana, pode haver uma demanda crescente por produtos orgânicos ou variedades especiais, enquanto em zonas rurais os clientes podem ser outras fazendas ou cooperativas. Conhecer o consumidor ajuda a focar os esforços: oferecer valor a esse segmento específico ou ao mercado-alvo.

Essa análise situacional (SWOT) permite responder a perguntas-chave (O que vendemos? Para quem? Como e onde? Que valor agregado oferecemos?) (2, 3) e forma a base das estratégias subsequentes.

Definição de Objetivos de Marketing

Uma vez entendido o contexto, estabelecem-se objetivos de marketing claros, realistas e mensuráveis. Devem responder ao “o quê” e “quanto” se quer alcançar (por exemplo, aumentar vendas, ganhar quota de mercado, introduzir o produto em novos canais, melhorar a imagem). Exemplos comuns: aumentar as vendas em 10% anualmente, vender um certo volume adicional de caixas, captar X novos clientes, participar de Y feiras locais. É fundamental que os objetivos sejam específicos e quantificáveis – em receita, unidades ou participação de mercado – para poder medir o sucesso (4, 5). Recomenda-se limitar o número de objetivos a poucos (menos de quatro), concentrando-se nos mais relevantes para o negócio (6). Por exemplo, um objetivo pode ser: “vender 20% da produção diretamente ao consumidor local até o final do ano”, ou “conseguir contrato com dois distribuidores locais no próximo semestre”. Estabelecer prazos (por exemplo, trimestrais ou anuais) ajuda a manter o foco temporal.

Segmentação do Mercado e Público-Alvo

Com os objetivos claros, procede-se à segmentação do mercado. A segmentação divide os clientes potenciais em grupos menores com características e necessidades semelhantes (7). Por exemplo, um produtor poderia segmentar por localização (cidade vs. áreas rurais), por tipo de consumidor (famílias, restaurantes, lojas naturais) ou por comportamentos (buscadores de produtos orgânicos, compradores por preço). Uma vez definidos os segmentos, escolhe-se um mercado-alvo (público-alvo): aquele grupo com maior potencial de compra e afinidade com o produto. Por exemplo, o mercado-alvo poderia ser “lares de classe média interessados em alimentos saudáveis” ou “lojas gourmet locais que buscam produtos especiais”. Direcionar as estratégias para esse grupo específico (em vez de para o mercado total) permite alocar melhor os recursos e projetar uma oferta adaptada. Em síntese, primeiro segmentar o mercado e depois selecionar o alvo para o qual direcionar o plano de marketing.

Estratégias de Marketing (4 P's)

Na etapa seguinte, definem-se as estratégias dos 4 P's do marketing (Produto, Preço, Praça e Promoção) adaptadas ao contexto local:

  • Produto: Detalhe o que será oferecido. No caso de produtos agropecuários, considera-se variedade, apresentação e embalagem. Por exemplo, defina se o produto será “frescura imediata” (colhido e vendido no mesmo dia) ou processado (conservas, mel, etc.), e projete a embalagem de acordo. A embalagem (caixa, cesta, atado) não apenas protege o produto, mas também pode ser um meio de promoção. Sugere-se incluir etiquetas informativas sobre o produto (origem, variedade, data de colheita) ou selos de qualidade/reputação. Por exemplo, obter certificações como denominações de origem, selos orgânicos ou de boas práticas pode posicionar o produto em relação à concorrência (8). Essas denominações são “selos de qualidade que ajudam a posicionar certos produtos” e são aprovados por organismos oficiais, garantindo padrões adicionais de qualidade (8). Ao planejar o produto, considere também aspectos de sustentabilidade: rotulagem ecológica, embalagens biodegradáveis e materiais que destaquem o valor agregado (por exemplo, “cultivado localmente” ou “comércio justo”).

  • Preço: Estabeleça a estratégia de preços com base nos custos de produção e na percepção de valor do cliente. Você pode usar um preço agregado (por exemplo, custo mais uma margem fixa) ou ajustar de acordo com a temporada (preço sazonal mais alto em épocas de baixa oferta). Também é possível fixar um preço relativo ao mercado (acima, igual ou abaixo da média local). Em qualquer caso, pesquise os preços atuais que os consumidores estariam dispostos a pagar e os preços praticados pela concorrência. É conveniente “saber quais são os preços que os clientes estariam dispostos a pagar e quais são os preços de venda da concorrência” (9). Por exemplo, planeje colher produtos de curta temporada quando a oferta local é limitada, para obter preços mais altos (10). Seja transparente com os consumidores sobre o que o preço inclui (por exemplo, valor da marca local, frescor, sustentabilidade).

  • Praça (distribuição): Defina os canais de distribuição: como e onde os produtos chegarão ao consumidor final. Em mercados locais, geralmente são usados canais diretos ou com poucos intermediários. Por exemplo, você pode vender diretamente ao consumidor em feiras de agricultores, feiras locais ou venda na fazenda (incluindo modelos como CSA ou kits por assinatura). Outras opções diretas são pedidos por telefone/internet com entrega em domicílio, e vendas em postos ambulantes (barracas na estrada). Se optar por um canal indireto, estabeleça acordos com intermediários: varejistas locais, distribuidores ou cooperativas que vendam seu produto em lojas, pequenos supermercados ou restaurantes. Cada canal determina requisitos logísticos: por exemplo, venda em feiras implica pensar em embalagens resistentes; venda em lojas pode exigir embalagens individuais para venda ao público. Em síntese, escolha os canais que melhor se conectem com o cliente-alvo. O plano deve detalhar se a venda será “direta ao consumidor final (marketing direto) – por exemplo, mercados de produtores, vendas online, CSA, entrega em domicílio, etc. – ou indireta através de atacadistas/varejistas” (11).

  • Promoção: Projete as ações para divulgar o produto e persuadir os clientes. Isso inclui tanto meios tradicionais (folhetos, cartazes, rádio local, demonstrações em pontos de venda) quanto digitais. Por exemplo, aproveitar feiras agropecuárias e eventos comunitários para amostras e degustações. Em meios digitais, use redes sociais (Facebook, Instagram, WhatsApp) para mostrar a história da fazenda e publicar ofertas ou fotos de colheitas frescas. Um website ou blog com informações da empresa (história, práticas sustentáveis) reforça a imagem da marca. Um guia do setor aponta que várias atividades podem ser usadas: “mídias de massa (rádio, TV, jornais, outdoors…), mala direta, contato pessoal, associações comerciais e redes sociais” (12). Como dica, as redes sociais são uma forma de promoção de baixo custo e com boa capacidade de segmentação. Não se esqueça das alianças com distribuidores e feiras (como patrocinadores ou catálogos comuns) para ampliar o alcance. Em resumo, detalhe campanhas promocionais específicas (por exemplo, uma campanha de lançamento em redes, um anúncio em rádio local) e os recursos necessários.

Plano de Ação e Cronograma

Desenvolva um plano de ação detalhado que converta as estratégias em tarefas concretas. Por exemplo:

  • Pesquisa de mercado: pesquisas locais ou consultas a clientes potenciais (meses 1-2).

  • Desenvolvimento de produto: design de marca/etiquetas e adaptações da embalagem (meses 2-4).

  • Produção: calendário de plantio/colheita para assegurar oferta em períodos de alta demanda (meses 3-12).

  • Promoção: execução de campanhas (venda em feira mensal, publicações semanais em redes sociais, envio de boletins informativos).

  • Distribuição: estabelecer acordos com varejistas ou pontos de venda (meses 4-6) e planejar rotas de entrega em domicílio (se aplicável).

Para cada ação, atribua responsáveis, prazos e recursos alocados. Uma matriz simples ou cronograma Gantt (por trimestre ou mês) ajuda a visualizar a sequência. Assim, por exemplo, programam-se as datas de participação em feiras e definem-se os materiais promocionais necessários. No final, cada objetivo de marketing (por exemplo, “aumentar vendas em 10%”) deve se ligar a um conjunto de atividades específicas no cronograma. Esse plano operacional esclarece o que será feito, quando e por quem no ano.

Orçamento Estimado

Acompanhe o cronograma com um orçamento de marketing. Estime os custos de cada atividade: por exemplo, design e impressão de material, aluguel de estande em feiras, viagens, amostras grátis, publicidade em mídias locais, desenvolvimento web, etc. Também considere o custo do tempo investido pelo pessoal. O orçamento deve refletir os recursos humanos e financeiros disponíveis e planejados. Como indica o guia de marketing, “é bom estimar quanto tempo e dinheiro se deseja alocar às atividades de marketing” (13). Por exemplo, se você planeja participar de uma feira agrícola, calcule transporte, aluguel de espaço e elaboração de folhetos informativos (13). Manter o realismo no orçamento evita desvios; ajuste as estratégias ou o alcance se os recursos forem limitados.

Avaliação e Controle de Resultados

Estabeleça como você medirá o sucesso do plano. Defina indicadores-chave (KPIs): vendas mensais, número de novos clientes, taxa de retenção, tráfego web, etc. Defina metas quantitativas para cada indicador de acordo com os objetivos iniciais. Em seguida, programe avaliações periódicas (por exemplo, trimestrais) para comparar a execução com as metas propostas. Se os resultados diferirem do esperado, analise as causas e ajuste o plano: talvez mudar um canal de venda, reorientar a promoção ou modificar preços. Como adverte uma publicação do setor, o plano de marketing “não é um documento estático em um mundo em mudança; precisa ser revisado periodicamente” (3). Na prática, um método simples é revisar, ao final de cada campanha (por exemplo, fim da temporada de venda direta), o que funcionou e o que não funcionou, documentando para a próxima edição do plano.

Conselhos Práticos para o Setor Agropecuário

  • Feiras e mercados locais: Aproveite as feiras de produtores rurais e mercados de agricultores para comercializar diretamente. Esses espaços eliminam intermediários e permitem ao produtor receber um pagamento justo por seu trabalho (14). Além disso, oferecem visibilidade: os consumidores se conectam com produtos frescos e regionais (15, 16). Por exemplo, a Feira Plaza Pinto no Chile passou de um evento mensal para um mercado semanal devido à alta demanda local por produtos frescos (15). Inscreva-se em feiras permanentes ou itinerantes de sua região e prepare materiais promocionais simples (folhetos, cartazes) que destaquem as qualidades de seus produtos.

  • Alianças e cooperativas: Colabore com outros produtores para reduzir custos (compartilhar transporte ou pontos de venda) e ampliar o volume disponível. Forme redes ou cooperativas para negociar melhores contratos com distribuidores ou exportadores, ou para acessar juntos serviços (transporte, armazenamento). Igualmente, estabeleça convênios com distribuidores locais (lojas, restaurantes, hotéis, refeitórios institucionais) que necessitem de abastecimento regional; um pacote cooperativo pode ser mais atraente para eles.

  • Certificações e rotulagem: Obtenha certificações reconhecidas para distinguir seu produto (por exemplo, orgânico, Denominação de Origem, Boas Práticas Agrícolas). Essas garantias de qualidade inspirarão confiança nos clientes e abrirão canais especializados (8). Use também uma rotulagem informativa: indique a origem local, a data de colheita, datas de validade, valor nutricional ou atributos especiais (livre de pesticidas). Uma embalagem clara e distintiva ajuda a diferenciar-se, mesmo em mercados pequenos.

  • Inovação em embalagem e apresentação: Embalagens práticas atraem clientes. Por exemplo, pacotes de vegetais porcionados para famílias, ou embalagens reutilizáveis. Em mercados locais, destaque o frescor com embalagens abertas (cestas, bandejas) que permitam a inspeção visual. Considere técnicas de conservação moderada (resfriamento ou atmosfera modificada) se competir em praças urbanas. Sempre pense em uma embalagem que conte a “história” do produto (um ou dois gráficos de campo ou fazenda podem conectar emocionalmente com o consumidor).

  • Promoção digital e de baixo custo: Embora o foco seja local, não subestime as ferramentas online. Crie perfis em redes sociais para sua exploração: publique fotos da colheita, receitas com seus produtos ou depoimentos de clientes satisfeitos. Um website simples ou um perfil em plataformas de diretório local pode servir de referência. O uso de vídeo curto (por exemplo, um passeio pela fazenda) pode se viralizar em nível local. O e-mail ou WhatsApp podem ser usados para notificar ofertas e manter clientes frequentes informados.

  • Outros canais inovadores: Considere vendas diretas a consumidores organizados: por exemplo, um programa CSA (Community Supported Agriculture) onde famílias pagam uma assinatura e recebem produtos semanais. Ou venda através de lojas virtuais locais e entregas em domicílio na comunidade. Para produtores com valor agregado, participe de feiras gastronômicas (showcooking, mercados de pulgas alimentares) onde chefs e consumidores especializados comprem produtos de qualidade.

Exemplo Prático

Um caso real é a experiência da Feira da Praça Pinto (Los Ángeles, Chile) (15). Iniciou como uma atividade mensal no verão, mas seu sucesso impulsionou seus organizadores a ampliá-la primeiro para todas as sextas-feiras de verão e depois semanalmente durante todo o ano (15). Esse crescimento reflete a alta demanda do mercado local por produtos frescos e a necessidade dos pequenos agricultores de contar com mercados justos que valorizem seu trabalho (14, 15). Casos como este ilustram que um plano de marketing prático (design de estande, promoção local e fidelização de clientes) pode permitir que um produtor passe de vendas esporádicas para um fluxo constante de receita.

Fontes: Elaboração própria com base em guias e estudos de marketing agropecuário (1, 7, 8, 13, 15) e artigos sobre experiências locais (15, 16). As estratégias propostas buscam ser aplicáveis a pequenos produtores e empreendedores agropecuários que visam mercados locais de consumidores conscientes e relações comerciais sustentáveis.

(1, 2, 3, 4, 5, 6, 9, 10, 11, 12, 13)FE978/FE978: Ocho Pasos para Desarrollar un Plan Simple de Mercadeo

https://edis.ifas.ufl.edu/publication/FE978

(7)REGISTRO DE FLUJO DE EFECTIVO

https://www.uprm.edu/agricultores-desventajados/wp-content/uploads/sites/413/2022/11/Presentacion-Estudio-del-Mercado-y-Plan-de-Ventas-de-Productos-Agricolas-2022.pdf

(8)Agromarketing: consejos prácticos para tu explotación - Agroptima

https://blog.agroptima.com/es/blog/agromarketing-consejos-practicos-explotacion/

(14, 15, 16) Ferias campesinas | La Tribuna

https://www.latribuna.cl/editorial/2025/01/30/ferias-campesinas.html