two yellow chicks on ground

Chaves para reduzir a mortalidade na primeira semana de vida de pintinhos de corte e poedeiras

A primeira semana de vida do pintinho é crítica: representa quase 20% de sua vida produtiva (1) e uma ave de boa qualidade, com manejo ótimo, não deveria ter mais de 0,7% de mortalidade nesse período.

PRODUÇÃO ANIMAL

8/27/20259 min ler

A primeira semana de vida do pintinho é crítica: representa quase 20% de sua vida produtiva (1) e uma ave de boa qualidade, com manejo ótimo, não deveria ter mais de 0,7% de mortalidade nesse período (2). A maioria das mortes nos primeiros 3–4 dias está ligada à qualidade dos pintinhos ao serem recebidos (3), enquanto as mortes posteriores se relacionam com o manejo na granja. Reconhecer rapidamente sinais de pintinhos fracos e remover as carcaças imediatamente é essencial para minimizar perdas (3, 4). A seguir, são descritas as causas mais comuns, os indicadores de alerta e as práticas preventivas baseadas em fontes técnicas (Aviagen, Ross, AviNews, INTA, etc.).

Causas comuns de mortalidade na primeira semana

  • Estresse térmico e resfriamento: Os pintinhos recém-nascidos carecem de termorregulação; uma temperatura ambiente abaixo do ideal (especialmente o frio) eleva a mortalidade, pois, ao se resfriarem, perdem apetite e imunidade (2, 5). Uma cama úmida ou correntes de ar agravam o frio através das patas da ave (6, 7). Pelo contrário, o excesso de calor (pico de alta temperatura) também pode provocar distermias ou morte súbita.

  • Desidratação e inanição: Atrasos na retirada dos pintinhos do nascedouro ou em sua chegada ao galpão fazem com que percam peso por evaporação, especialmente os pintinhos de reprodutoras jovens (8). Cada hora adicional no nascedouro aumenta cerca de 0,4–0,5% de perda de peso se a temperatura corporal cair (8, 9). Na granja, a falta de acesso rápido à água e à ração resulta em inanição: nos primeiros dias, um pintinho consome cerca do dobro de água em relação à ração (10), e sem se alimentar por 24–48 h o desenvolvimento intestinal e imune é prejudicado (11).

  • Onfalite (infecção umbilical): A onfalite – inflamação/infecção do umbigo e do saco vitelino – é uma causa frequente de mortalidade máxima entre os dias 5–7 (12). Apresenta-se com pintinhos “moles”, febris e com o saco abdominal inflamado; geralmente ocorre quando ovos com fissuras ou nascedouros sujos facilitam a entrada de bactérias (coliformes, Staphylococcus, etc.) no saco vitelino (13, 14). As perdas por onfalite podem atingir 5–10% em lotes afetados (12).

  • Manejo de incubação e transporte: Incubadoras com temperaturas ou umidades fora do ideal geram pintinhos com umbigos mal fechados ou subdesenvolvidos, predispondo à onfalite e baixa viabilidade (15, 16). Janelas de nascimento muito amplas (espera prolongada no nascedouro) desidratam os pintinhos e reduzem sua uniformidade (8, 17). No transporte e manuseio, choques ou correntes frias podem causar asfixia ou choque; os contêineres devem estar a cerca de 32°C e 65% de UR, evitando correntes diretas de ar sobre as aves (9, 18).

Indicadores de risco e monitoramento no lote

Para detectar problemas precocemente, as granjas de sucesso monitoram vários indicadores:

  • Enchimento do papo (ingestão de ração/água): De 1 a 2 horas após o alojamento, o enchimento do papo é avaliado em uma amostra de aves (19). Espera-se >75% de pintinhos com o papo cheio em 2 h, >95% em 24 h e 100% em 48 h (20). Um papo vazio ou quase vazio indica falha na disponibilidade de ração ou problemas ambientais.

  • Consumo de água: A água deve estar sempre limpa e disponível. Em condições amenas, a relação água:ração é de cerca de 2:1 (pode subir com o calor) (10). Sugere-se clorar a água a 3–5 ppm e desinfetar as linhas entre lotes (21). Quedas súbitas no consumo de água (ou sede excessiva) podem indicar estresse térmico ou doença.

  • Peso corporal e uniformidade: Recomenda-se pesar aves de amostragem diariamente. Os pintinhos deveriam quintuplicar seu peso inicial em 7 dias (22). A uniformidade (baixo coeficiente de variação) reflete estabilidade; valores menores que 8–10% de CV no lote indicam boa uniformidade. 65% da variabilidade da mortalidade na primeira semana é explicada pela qualidade do pintinho recebido (23), por isso, avaliar o peso e a dispersão em 7 dias ajuda a detectar problemas de partida.

  • Temperatura cloacal: É um indicador prático do conforto térmico. A temperatura retal/cloacal deve ser medida em pelo menos 0,5% do lote em diferentes áreas do galpão, de preferência durante os primeiros 4–5 dias. O valor ideal é 39,4–40,5 °C (24, 25). Temperaturas corporais inferiores sugerem frio ambiente; temperaturas muito altas, superaquecimento. Também se revisam as patas: se ao toque estiverem frias, provavelmente a temperatura do piso ou do ambiente é baixa (26).

  • Comportamento e distribuição: As aves devem se distribuir uniformemente sob as criadeiras e vocalizar de forma normal. Se se agrupam sob as lâmpadas ou perto das paredes, pode haver frio; se se afastam das fontes de calor com respiração ofegante, há excesso de calor (27). A observação direta (visão, som, odor) do aviário completa a avaliação ambiental.

Protocolo de recebimento no galpão

Ao chegarem os pintinhos, é essencial oferecer-lhes um ambiente preparado:

  • Pré-aquecimento do galpão: Aquecer o galpão pelo menos 24 h antes da chegada para uniformizar a temperatura da cama (28, 29). Mantenha cerca de 30°C no nível da ave no primeiro dia (para frangos de corte; pintinhas de embalagem similar), com umidade relativa de cerca de 60–65% (5). A temperatura da cama deve ser monitorada diretamente, pois os pintinhos “absorvem” calor através das patas (30). As zonas de partida precisam de aporte calórico pontual (criadeiras ou tapetes), sem excesso de correntes de ar (velocidade <0,2 m/s sob criadeiras) (31).

  • Iluminação e fotoperíodo: Forneça pelo menos 23 horas de luz contínua (30–40 lux) durante os primeiros 7 dias (32). Uma hora de escuridão mínima (0,4 lux) ajuda a prevenir estresse, permite o descanso e a detecção de anomalias. Distribua a luz uniformemente (>25 lux sem zonas escuras) para que todas as aves vejam água e ração (32, 33). Depois de 7 dias, o período de escuridão pode ser aumentado progressivamente para 4–6 h.

  • Densidade de alojamento: A densidade inicial depende da potência de aquecimento disponível. Em geral, recomenda-se 40–45 pintinhos/m² na entrada (34). Se for usada criação por cercados no galpão (meios lotes), comece com espaço suficiente e depois reduza a partir dos 7 dias.

  • Ventilação e qualidade do ar: Mantenha um fluxo de ar suave (renovação constante sem correntes frias) para eliminar amoníaco e umidade, mas sem causar sensação térmica nas aves (35). Os ventiladores não devem ser apontados diretamente para os pintinhos. Nesta fase inicial, a ventilação é para renovar o ar (troca sensível baixa), não para resfriar.

  • Cama de iniciação: Use cama limpa, seca e desinfetada. Uma cama úmida ou com excrementos aumenta o risco de resfriamento pelas patas e de infecções. Recomenda-se uma camada mínima de 5–8 cm de bom material isolante (maravalha, serragem) para isolar o piso (36). Além disso, o papel de recepção cobre o piso para facilitar o consumo inicial e mantém a cama limpa nos primeiros dias (37).

Manejo da alimentação inicial

Um arranque nutricional adequado impulsiona o consumo e o vigor do lote. Entre as práticas recomendadas estão:

Ofereça ração crua imediatamente ao chegarem as aves no galpão (37). Coloque a ração em bandejas planas (uma para cada 100 aves) ou diretamente sobre papel que cubra 80–100% da área inicial (37, 38). As bandejas ou o papel nunca devem ficar sem ração: adicione mais frequentemente durante os primeiros 3–4 dias para manter o fornecimento contínuo (39). Use uma ração inicial de alta qualidade e fácil digestão (ração farelada ou migalhada), já que os pintinhos recém-nascidos preferem partículas grandes e visíveis (10). Sugere-se uma proporção água:ração de cerca de 2:1 desde o primeiro dia (10). Cubra bebedouros e linhas com água fresca (5–25 °C) para fomentar a ingestão, lembrando que os pintinhos bebem cerca de 65 mL/ave nas primeiras 24 h (10, 40). Um manejo correto de comedouros e bebedouros – altura ajustada, sem vazamentos nem obstruções – é fundamental.

Gestão de pessoal, biosseguridade e vacinação; qualidade do pintinho de um dia

  • Biosseguridade e limpeza: Adote o princípio de “tudo dentro-tudo fora”: todos os lotes devem ser de uma só idade, com limpeza e desinfecção completa do galpão, do equipamento e dos veículos antes de cada chegada (41, 42). Antes de entrar no galpão, o pessoal deve desinfetar as mãos e calçar botas limpas; visite apenas com roupa exclusiva da granja. Mantenha padrões elevados de higiene na planta de incubação e no transporte: transportar pintinhos rapidamente em caixas limpas e protegidas previne estresse e contaminação (9, 42). Os projetos de sucesso medem a carga bacteriana pós-limpeza (contagens totais, Salmonella, E. coli) para validar a eficácia da desinfecção (43).

  • Vacinação: Assegure que as pintinhas ou frangos sejam vacinados de acordo com o programa recomendado (Marek, Newcastle, Bronquite, Gumboro, Coccidiose, entre outras) seja na incubadora (injeção ou spray) ou na granja. Cada ave deve receber a dose adequada. A vacinação em clima confortável e sob os padrões de qualidade de vacinas reforça a imunidade inicial.

  • Qualidade do pintinho: A qualidade da ave de um dia (peso corporal, hidratação, umbigo limpo) influencia diretamente a mortalidade posterior. Estudos mostram que cerca de 65% da mortalidade na primeira semana está associada à qualidade inicial do pintinho (23). Avalie pelo menos 10–20 aves de amostra ao chegarem: verifique o peso (objetivo mínimo segundo a genética), a ausência de deformidades, boa hidratação e umbigo cicatrizado. Um umbigo inchado ou preto indica risco de infecção. O teste de Cervantes (pontuação de 0 a 100) é um método padronizado para avaliar a qualidade individual (44). Em caso de baixa qualidade, comunique-se com a incubadora.

  • Capacitação e protocolos: O pessoal deve ser treinado para reconhecer sintomas precoces de doença ou falha de manejo. Manter registros diários de consumo de ração/água, peso e mortalidade ajuda a detectar tendências negativas. Seguindo guias de manejo por etapas (por exemplo, Ross ou Cobb), a resposta a variações nos parâmetros produtivos é padronizada.

Medidas preventivas e corretivas aplicadas em granjas de sucesso

Os estabelecimentos com baixa mortalidade compartilham práticas preventivas estritas e ações rápidas ao se detectarem problemas:

  • Higiene em pré-incubação e incubadora: Realiza-se higiene exaustiva de ninhos e aviários-mãe, e das incubadoras após cada lote (45). Evita-se que os ovos cheguem úmidos ou quebrados; as bandejas do nascedouro são secas e desinfetadas rigorosamente (45). Se forem identificados ovos com fissuras, os equipamentos podem ser fumigados antes de iniciar um novo lote (45). O objetivo é obter pintinhos com umbigo limpo e quase fechado (46). As zonas de eclosão são mantidas em temperatura e umidade ótimas para evitar a malformação do umbigo e favorecer um nascimento rápido.

  • Controle da janela de nascimento e manejo imediato: Procura-se uma janela de nascimento o mais curta possível (8). Aconselha-se não retirar os pintinhos da incubadora até que a maioria esteja seca, para evitar deixar no nascedouro aqueles que eclodem tarde (risco de desidratação) (17). Ao chegarem, os pintinhos são colocados rapidamente em criadeiras com condições climáticas ótimas (31–32 °C na criadeira) (9, 47). Em muitos casos, adicionam-se bebedouros de gotejamento no nascedouro durante o transporte para estimular a hidratação precoce.

  • Arranque nutricional intensivo: A ingestão inicial é incentivada ao máximo: cobrir toda a área com ração sobre papel, muitas fontes de água e iluminação brilhante. Às vezes, a água é suplementada com eletrólitos ou vitaminas nas primeiras 24 h para contrabalançar o estresse da viagem. Vigia-se para que pelo menos 80–90% dos pintinhos tenham o papo cheio após 4–8 horas da chegada (20). Se isso não for alcançado, são tomadas ações corretivas imediatas (por exemplo, revisão da temperatura, aumento da luz, ajuste da densidade).

  • Monitoramento contínuo e ajuste: Os produtores de sucesso realizam pesagens frequentes e analisam a uniformidade. Se a mortalidade se elevar acima da norma (<0,7% na primeira semana) (2), a causa é buscada: necropsias dos mortos (para diferenciar onfalite, problemas respiratórios ou metabólicos) e revisão de sensores (temperatura, umidade). Com base nisso, ajustam-se a ventilação, a altura das criadeiras ou o manejo da água. Por exemplo, se muitos pintinhos aparecem com patas ou cloacas frias, o calor focal é aumentado; se aparecer acidose por frio, a temperatura ambiente é elevada.

  • Manutenção da infraestrutura: A higiene pós-lote é realizada (limpeza profunda de bebedouros, comedouros, sistema de água e galpão) como prática rotineira. A Aviagen recomenda clorar a água a 3–5 ppm e aplicar desinfetantes específicos nas linhas de bebida (21). Os sistemas elétricos e de aquecimento também são revisados antes de cada ciclo.

Em conjunto, essas ações – baseadas em recomendações de empresas genéticas (Ross, Aviagen, Cobb, Hy-Line) e instituições técnicas (INTA, universidades) – garantem que os pintinhos comecem sua vida em condições ótimas. Um manejo rigoroso do ambiente, da alimentação e da biosseguridade durante a primeira semana minimiza as mortes iniciais e estabelece as bases para um lote saudável e produtivo.

Fontes: Manuais técnicos da Ross, Aviagen e Hy-Line, artigos especializados (aviNews, ElSitioAvícola, Engormix) e boletins de empresas avícolas (Pas Reform, Cobb, etc.) (2, 37, 41, 45, 48). Essas referências respaldam os pontos expostos e fornecem guias práticas baseadas em evidências.

(1, 18, 28, 30, 33, 34, 35, 38, 40) Manejo de Recepción de un Pollo de Engorde

https://www.abcavicola.com/post/manejo-de-recepci%C3%B3n-de-un-pollo-de-engorde

(2, 9, 16, 25, 36, 41, 42, 43) images.proultry.com

https://images.proultry.com/files/company/552/Manual_de_Manejo_Pollo_de_Engorde_RossBroilerHandbook2014_ES.pdf

(3, 4) Mortalidad en Aves: Causas y Control

https://metalteco.com/mortalidad-aves-causas-y-control/

(5, 6, 7, 29, 31) El manejo en la primera semana de vida del pollo de engorde - aviNews, la revista global de avicultura

https://avinews.com/el-manejo-en-la-primera-semana-de-vida-del-pollo-de-engorde/

(8) Nacedoras: Deshidratación del pollito y otros problemas en la nacedora

https://avinews.com/deshidratacion-del-pollito-nacedoras-y-otros-problemas/

(10, 11, 22) Nutrición de pollos de engorde durante la primera semana - aviNews, la revista global de avicultura

https://avinews.com/nutricion-pollos/nutricion-de-pollos-de-engorde-durante-la-primera-semana/

(12, 13, 14, 15, 17, 45, 46, 47) Prevenir la onfalitis para reducir la mortalidad durante la primera semana - El Sitio Avicola

https://www.elsitioavicola.com/articles/2016/prevenir-la-onfalitis-para-reducir-la-mortalidad-durante-la-primera-semana/

(19, 20, 21, 24, 26, 27, 32, 37, 39, 48) aviagen.com

https://aviagen.com/assets/Tech_Center/BB_Foreign_Language_Docs/Spanish_TechDocs/AVIA_EnvMgtOpenSidedHseBroiler-ES-2016.pdf

(23, 44) Correlación entra calidad del pollito de un día y mortalidad de la primera semana - El Sitio Avicola

https://www.elsitioavicola.com/articles/2856/correlacian-entra-calidad-del-pollito-de-un-dia-y-mortalidad-de-la-primera-semana/